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20 de jan. de 2015

Guerra dos Sexos

     

     Ainda há, em nossa sociedade, uma grande desigualdade entre homens e mulheres. É certo que o sexo feminino sempre foi colocado em um nível de inferioridade em relação ao masculino e não é de hoje que isso acontece. Desde os primeiros séculos de nossa história, esse é um fato para uma grande discussão. Mas, como superar esta situação? Será que precisamos promover (ou continuar) uma guerra entre os sexos?
     Historicamente, coube à mulher, o papel de ficar em casa, cuidar dos serviços domésticos e dos filhos, ou seja, o serviço “leve”. Já aos homens, competiu-lhes o sustento da família, a dureza do trabalho externo e, consequentemente, o prestígio da sociedade. Houve tempos em que as mulheres só podiam usar vestidos e saias, e as calças tornaram-se o símbolo do ser “macho”. Onde está escrito que homens devem usar calças e mulheres não podem? Escrito ou não a regra tornou-se, na prática, uma espécie de “lei” e mais do que isso, o sinal de que a mulher não podia trabalhar, pois, quem as usa sabe o quanto uma saia pode limitar a locomoção, a postura no convívio social e principalmente o tipo de trabalho a ser desempenhado!
     As mulheres sempre são colocadas como frágeis, doces, amorosas, delicadas, sensíveis, enquanto os homens, eles sim, são os fortes, corajosos e nem podem chorar – se fosse assim, talvez nem tivessem as glândulas lacrimais! Até os brinquedos servem para reforçar nas crianças a mentalidade de desigualdade: as meninas devem brincar de boneca, “casinha” e outras coisas delicadas. Os meninos, por sua vez, devem ser heróis, pilotos, astronautas, etc.
     Assim, desde a infância, a desigualdade e a exclusão impostas às mulheres já assumem grandes proporções, porque adentram o imaginário e fabricam as identidades masculina e feminina. Desde pequenos aprendemos que meninos devem andar com meninos e as “menininhas” com os seus pares. Mas, um grupo de amigos pode ser muito mais rico e saudável, quando meninos e meninas convivem naturalmente.
     É preciso perceber que a desigualdade é construída pelos interesses da sociedade, pois, na verdade, não há uma desigualdade natural, há diferenças assim como em todas as demais espécies da natureza. No entanto, a diferença que deveria ser vista como o requisito para a construção da igualdade, acaba sendo usada para afirmar a condição de inferioridade feminina.
O potencial ideológico é admirável, pois faz com que muitas mulheres também assumam a postura machista, e, pelo fato de acreditarem nas condições impostas, acabam se adaptando a elas. Por exemplo, ainda hoje algumas mulheres têm a visão de que os homens devem sustentar a casa e desta forma elas se contentam em cuidar do lar, de seus filhos e acabam atribuindo aos homens, o direito de mandarem nelas.
     É certo que muitas revoluções em busca dos direitos femininos vêm acontecendo desde séculos passados, afinal, não podemos ficar presos a uma ideologia de que os homens são o sexo forte e as mulheres são o sexo frágil. Se Olympe de Gouges, deu o primeiro tiro, quando, influenciada pela Revolução Francesa, defendeu o direito da mulher de subir ao palanque, precisamos também ter claro que a batalha ainda não terminou! 
     Logicamente que não podemos deixar de ressaltar que muitos aspectos já foram vencidos, o voto, por exemplo, e o direito e acesso a profissões que antes não podiam exercer, porque eram “coisas de homem”. No Brasil, uma grande conquista deve ser destacada, pois a senhora Dilma Rousseff, tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo da presidência, marcando a feminilidade na história do país. Estes fatores já revelam um pouco que a cada dia, as mulheres conquistam seus lugares na sociedade, porém ainda há muito para ser superado!
     Outro importante aliado, nesta batalha, são os movimentos feministas, que lutam incessantemente pelos direitos das mulheres. Como não se lembrar de que juntamente com as recentes reivindicações sociais, sobretudo para o cenário político brasileiro, estava lá a “Marcha das Vadias”, forçando a sociedade a refletir o problema da mulher diante dos direitos sociais.
     Mas, chegou a hora de perceber que a batalha nunca terá fim, através da guerra que se instaurou na história. Às vezes, temos a impressão que algumas militantes não estão lutando pelo reconhecimento da mulher na sociedade, mas pela superioridade feminina. Suponhamos que “elas” vençam a guerra e, por isso, estarão acima dos homens. Acreditamos que o caminho deva ser outro, porque nossa compreensão é a da igualdade entre os gêneros. Uma guerra, sempre tem como consequências o vencedor e o vencido. Nossa ideia é outra: queríamos vislumbrar uma sociedade em que homens e mulheres sejam representados em pé de igualdade!
     Por isso, é indignante saber que há tantas brigas entre os dois sexos, afinal, um depende do outro! Podemos perceber que não há uma justificativa para a guerra entre homens e mulheres, porque naturalmente, todos nós dependemos dos dois, inclusive para que possamos dar continuidade ao mundo. Assim, não é necessário que haja preconceito, uma vez que os grupos podem, devem e de fato “são” misturados.
     Trata-se, portanto, de acabar com a guerra dos sexos, de forma limpa e sem armas. Não podemos acreditar que o método empregado por alguns grupos sociais que acreditam que chocando a sociedade serão ouvidos, seja o mais adequado. É preciso ir mais profundamente, visando a eliminação das ideologias, sendo que a principal a ser quebrada é a de que os homens são melhores. Somos iguais perante a Constituição e a mesma, concede direitos igualitários a todos, sejam homens ou mulheres.
     Acreditamos que o primeiro passo a ser dado seja o do conhecimento, que é a única forma capaz de eliminar ideologias. Para isso, é preciso promover discussões amplas nas sociedades, para que a nossa geração deixe de conceber a desigualdade homem/mulher como algo próprio de nossa natureza. Aliás, homem e mulher fazem parte da mesma raça: humana! Por isso, a desigualdade não é natural, mas algo formado pela sociedade. Neste sentido, as escolas se tornam lugares privilegiados para este tipo de conscientização.
     Em segundo lugar, acreditamos sim na força dos movimentos populares, pois expressam a voz da sociedade. Por isso, precisamos nos unir, para que juntas possamos reivindicar os nossos direitos. Sozinha, nenhuma mulher terá sucesso, mas unidas seremos capazes de expressar nossa indignação e a necessidade de uma nova forma de ver a mulher na sociedade. Nossa união deve conduzir ao diálogo saudável e consciente. É preciso que a sociedade descubra que não somos apenas o habitat da reprodução humana, embora algumas instituições insistam em pensar assim!
     Em último lugar, precisamos de políticas afirmativas, ao exemplo das que promovem a igualdade racial. Se os poderes governamentais não se empenharem em vencer a desigualdade entre os gêneros, pelo menos obrigando a igualdade salarial (quando exercem a mesma função), por exemplo, também a guerra não terá fim e as manifestações não passarão de mecanismos de choque para a população. Se tivéssemos leis tão rígidas como a “Maria da Penha”, garantindo outros direitos e não somente a proibição da agressão, certamente ajudaria muito a condição feminina.
     Concluindo, as mulheres são excluídas e não podemos nos alienar diante deste fato. Não podemos deixar de exigir nossos direitos e precisamos do esforço de toda a sociedade, principalmente do governo. Uma coisa é certa: a guerra dos sexos não pode continuar, porque talvez não chegue a lugar algum. Guerras produzem desigualdades. A igualdade entre os gêneros é possível, através da conscientização, do diálogo e do empenho das forças. 

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