Serra Azul, uma cidade pequena que leva esse
nome devido à cor anil que colore sua serra ao entardecer e que assim como uma
moeda, apresenta dois lados: o bom e o ruim.
Em 86 anos de emancipação política, o
município tem evoluído bastante, seja em seu lado positivo como também no
negativo. Não podemos negar quem é uma cidade boa para se viver, onde
encontramos uma “pitadinha” de ar rural como também as consequências de um
ambiente urbano.
Um lugar pequeno possibilitou uma vida
tranquila até pouco tempo, mas, ultimamente, o sossego foi tomado por falta de
respeito e de civilização do povo, que deveria ser honrado, afinal, é um povo
trabalhador e lutador, mas que não exerce sua cidadania.
Uma questão que merece atenção, talvez seja
característica de cidade bem pequena, principalmente Serra Azul, é o excesso de
Igrejas e a maneira como as pessoas usam a figura de Deus para esconder seus
comportamentos.
Podemos dizer que em cada esquina, surge uma
nova Igreja. Locais que antes eram bares, lojas, se transformam na casa de Deus
sem a menor preocupação com os valores religiosos, e os pregadores da “Palavra”
são pessoas sem nenhuma preparação, que conquistam fiéis com sua lábia e tentam
tirar proveito da situação, transformando a fé dos outros em lucro para si
mesmo.
O fato é que não há ninguém para frear essas
instituições e muito menos o compromisso de zelar por aqueles que seguem uma
tradição religiosa, que acabam de certa forma sendo ofendidos com tanta
falsidade.
Entre as instituições religiosas, com
certeza existem aquelas que respeitam uma tradição, como a Católica, Evangélica
ou Espírita e que contam com coordenadores aptos para exercer tal função.
Não devemos julgar os outros por mera
aparência. No entanto, nem todos contam com escrúpulos para falar de Deus e
muito menos para dar lições moralistas aos outros. O que também acontece, é a
falta de respeito entre as religiões, que se agridem mutuamente. Além disso, os
próprios praticantes não aceitam que outros tenham um modo de pensar diferente,
e tentam impor a sua fé, sendo que, se alguém nasce dentro de uma cultura, não
cabe ao outro tentar criticar ou mudar o pensamento.
Alguns podem dizer que é implicância, porém,
é impossível não enxergar que algo está errado nesta banalidade religiosa. A
ingenuidade dos fiéis ajuda na confiança dos pastores, que na verdade, são
manipuladores e ninguém, de uma hora para outra, muda seus conceitos para
ajudar o próximo sem almejar riqueza para si mesmo.
Falar de religião é uma coisa bastante
delicada e polêmica, contudo é uma ofensa usar a fé como uma coisa banal e
simples assim. Entretanto, fica bem claro que são apenas alguns segmentos
evangélicos que usam desse caminho. Enquanto uns respeitam a sua fé, outros são
ignorantes e seguem falsos profetas.
A culpa é do próprio povo que cai em
qualquer ladainha e sequer tenta pesquisar as verdadeiras origens de pastores e
pior ainda, se convertem e passam a criticar a vida alheia.
Culpa também, da administração da cidade,
que não regulamenta a abertura de Igrejas e que não pode brecar essa
barbaridade religiosa que acontece; deveria ao menos dificultar a criação de
novas Igrejas, pelo menos as que não contassem com um lugar apropriado e com
pessoas qualificadas para transmitir a palavra de Deus.
Cabe a
própria população sair da ignorância e trazer de volta a cultura de cada
religião. As pessoas têm que ser capazes de serem elas mesmas e não se
esconderem atrás da figura Divina, que tanto deve sofrer com tais comportamentos
humanos.
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